sábado, 18 de setembro de 2010

Por que a gente diz um monte de coisa que não quer dizer? Por que é tão difícil ficar calado quando o coração sofre? Por que amanhã sempre parece ser tarde demais?
Talvez tudo isso seja assim simplesmente porque deve ser. E porque nada é certo e perfeito dentro de nós e com tudo isso que acontece passo a ter cada vez menos certeza das coisas.
Tentei pensar menos na última briga e mais em como tudo começou...

Lembro do dia quente e do seu boné batendo no vidro. Lembro da espera e do fato de estar chateada; lembro que por isso, nem ao menos fui simpática com você; lembro que agi friamente como apenas mais um dia de serviço...
E lembro de nunca ter me surpreendido tanto. Em tudo acontecer tão rápido... tão natural, e sem o menor esforço meu. Exatamente como no primeiro dia.
Lembro de uma noite de muito calor na cidade e de um convite, lembro da dúvida e da exata sensação que senti naquele momento. O que eu lembro depois disso?
Muitas risadas, vários filmes pela metade, horas dentro da locadora, muita pipoca, muita conversa, gestos de carinho. Algumas músicas marcantes, noites de cansaço, noites frias debaixo dos cobertores...
Lembro de continuar rindo mesmo depois de chegar em casa, lembro de continuar te amando mesmo depois de brigas que pareciam não terminar, lembro de continuar com medo, lembro do seu cheiro no meu travesseiro, lembro dos dias... de cada um deles...

E você? Lembra disso?


sábado, 11 de setembro de 2010

Das coisas que gosto.

"As coisas que você possui acabam por possuir você".

Bem lembrado... a não ser por... sabe... é que não é bem assim. Depois que traçamos um objetivo, tudo o que aparecer e não nos levar ao encontro dele é perda de tempo! Mas será mesmo?
Jamais entenderei como somos capazes de deixar coisas para trás, mas se quisermos vencer alguém terá que perder para isso, se formos para frente inevitavelmente coisas serão deixadas para trás... Mas não você!
Acredito que tudo dará certo, fico me indagando várias e várias vezes até me cansar. Mas no fundo, ouvir você sussurrar em meu ouvido a resposta certa esta manhã me fez acreditar.
Assunto encerrado e ponto final, vamos deixar acontecer, esperar tudo isso chegar até onde estamos. Enquanto isso preparo nosso café da manhã. Panquecas?

sábado, 4 de setembro de 2010

Conversa de gente grande

A sabedoria pode estar em qualquer lugar e uma grande lição pode vir de uma fonte inesperada.
Em uma conversa na cozinha tomando a refeição pela qual tenho mais apreço. Eu tomando uma xícara de café preto, ela, uma caneca de cereal com leite gelado. Eu aproximo a xícara pra sentir o calor do café, o calor que tanto nos falta durante o dia.
De repente o silêncio é quebrado por uma tímida pergunta. Ela apóia as mãozinhas sobre a mesa, olha para o chão, ergue a cabeça protegida por um gorro de tricô feito à mão, e então me diz:
- Porque você está triste tia?
Quem diria. Ela notou.
- Não é nada. É só que tudo é muito difícil depois que a gente se torna adulto.
Ela faz uma pausa, toma mais umas duas colheradas e novamente se dirige à mim, Dessa vez muito certa do que vai dizer.
- Mas é difícil pra todo mundo tia. Não é só com você.Assustada com as palavras de alguém que se importou eu continuo.
- É, você tem razão. Mas não deveria ser assim. Poderia ser mais fácil.
- Pode. Mas a gente complica.
Entre colheradas ela me ensina uma grande lição.
- Já não sei o que eu faço, o que gosto e se gosto do que faço.
- Humm...
Ela pensa, abre a boca pra falar e desiste. Eu volto a acreditar que a conversa chegou ao fim e que realmente não há solução para o meu problema.
Então ouço:
- E quem pode decidir isso pra você?
E quem mais poderia?
A sabedoria pode estar em qualquer lugar e uma grande lição pode vir de uma fonte inesperada...


Me senti uma criança naquele momento...

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Antecipando o feriado

Feriado à vista, e tudo continua imperfeito do jeito que sempre foi. Isso não é necessariamente ruim e tão pouco estou fazendo disso uma reclamação, mas é que todos esperam demais dos dias, principalmente finais de semanas e feriados.
Jamais alguém me perguntou em uma terça-feira o que eu ia fazer, mas é só a sexta se aproximar que alguém logo solta: "O que vai fazer final de semana?", "Pra onde vai hoje?".Essas coisas são traiçoeiras, quando você menos espera, lá está você perguntando pra alguém "como foi seu final de semana". Eu sei, é um clichê, mas sempre preguei que qualquer dia é dia, afinal de contas a gente só tem o hoje para ser e estar. Correto?
Muitas vezes na incerteza de ser compreendida ou medo de ser mal interpretada, eu me calo e espero que meus mais secretos desejos sejam realizados sem que eu tenha que pedir por eles. Nunca acreditei que houvesse dia para a felicidade, mas vou apostar e pedir por todos eles nesse feriado, pedir baixinho para não correr o risco de ser ouvida, mas vou. Já planejo o "meu feriado" então, com expectativas e tudo mais. Mas antes mesmo disso suspiro pensando que o melhor já está aqui, o meu sossego, meu livro na cabeçeira da cama, meus infinitos filmes e minha paz de espírito já começam a me acompanhar... É... deu certo pedir!


E você? O que vai fazer no feriado?

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Sem açúcar, sem afeto, sem carinho

Em um ambiente mais reservado Claire e Jack conversavam sobre suas vidas e os acontecimentos que os conduziram exatamente até aquele momento.
Jack fazia o tipo misterioso e que não se importava com a opinião dos outros, aquelas pessoas que se enrijecem depois de terem visto de tudo e feito muito também.
Claire terrivelmente apaixonada pelas suas histórias boêmias declarava-se dizendo o quanto queria estar perto dele e que até então não havia experimentado sentimento tão profundo por alguém.
Jack virou-se para ela e sem nenhuma emoção disse:
Esse amor foi você quem criou, ele existe apenas na sua cabeça. Quando tudo isso passar seremos nós e este momento apenas outro capítulo em meu livro.
Ela não conseguia compreender como poderia Jack não sentir o mesmo, como ele não enxergava, será que ela realmente imaginara tudo aquilo? Mas se era só imaginação porque doía tanto quando ele dizia não amá-la?
Tá magoada porque a história de amor que você inventou acabou - disse Jack.
Isso é coisa da sua cabeça - disse ele.
Eu não vou aguentar - disse Claire enquanto tentava conter os soluços.
Não seja tão dramática Claire. Parte das coisas pela qual você está sofrendo nem existe de fato.
Claire queria respostas, queria ao menos entender.
Gostaria de saber toda a história. Saber por que você se sente assim - completou ela.
Então espere o livro sair - disse Jack.
- Ainda não sei como termina.
- E o que o faz pensar que é você quem decide o final?
Ela sorriu, enxugou algumas lágrimas com a manga frouxa da blusa e saiu. Na porta, olhou para Jack mais uma vez, desmanchou o sorriso e seguiu pelo corredor.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Se pensares... faça porque te convém

"Tira esse azedume do meu peito
E com respeito trate minha dor"
[Los Hermanos]



A vontade incontrolável de gritar é mais forte que eu mesma, ainda assim uma calma incomum se alastra e faz com que eu evite em brigar, discutir ou se quer pensar sobre tal assunto, até mesmo porque se for parar pra pensar as conclusões certamente não serão das mais produtivas.

Mas na hora do desespero é que eu me reservo no direito de ter as reações mais inusitadas. Pois bem, nunca um toque me causou tanto incômodo, ou meia dúzia de palavras puderam me perturbar uma noite toda. É certo, só se vive aquilo que se suporta, mas confesso que esse episódio sufocou minha alegria e agora eu também entendo a sua dor.
Noites mal dormidas, sonhos retratam tudo o que passa pela minha mente e nem tudo isso aqui é bom...
Quando eu não era tão literal as coisas funcionavam, naquele tempo eu levava horas pra dizer coisas simples. Aquilo é o que eu deveria ser, aquela é quem de fato eu sou. Aquela que se sente feliz por estar chovendo e então ter uma boa desculpa para ficar em casa, aquela que se veste apenas de preto, branco e cinza, pois cores dão muito trabalho. Sou aquela que escuta músicas tristes no reapet pra se animar, aquela que vê no mundo sempre algo bom, mesmo depois de perder a fé. Aquela que acredita que nem todas as coisas são eternas e entende que as pessoas em nossas vidas, simplesmente passam...
Vejo hoje em mim muito do que fui, ainda bem, demorou pra voltar. Pelo menos assim eu aprendo, aprendo a não mais dividir isso. Aprendi que sinceridade às vezes é demais e que os honestos não sobrevivem. É preciso jogar. Eu aprendi a observar de onde eu estava, mas nada fiz com essas informações e por isso de nada adiantou, entrar na batalha desarmada é pedir pra perder.
Paciência é uma virtude. Ouvia isso de uma pessoa que mal conseguia esperar o bolo esfriar pra comer. Mas é verdade. Sentir na dose certa. Eis minha próxima lição, essa que eu achava já ter aprendido. No fundo eu só quero o que todo mundo quer. Só quero ver um motivo pra continuar acreditando que por algo vale a pena, que alguma coisa em tudo isso faz sentido. Passa um filme na minha cabeça quando penso nisso, na verdade é mais lento um pouco, é como se fossem várias fotografias passadas bem rápido, geralmente em preto e branco... Pra mim é difícil sonhar colorido, principalmente nessa hora. E em meio a tantos momentos e muita espera eu percebo que às vezes a ignorância é a melhor coisa que pode nos acontecer.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Rasgação de seda

Ceder
Do latim
cedere.
Quer dizer, dar, entregar,
dobrar-se ou curvar-se sob peso ou pressão, conceder, concordar, não resistir.

Depois de muito lutar, finalmente aprendi a ceder. Em muitos casos sou forçada a ceder para conseguir o que quero no final. Desde fazer certas coisas contra minha política e fora dos meus princípios para conseguir manter um bom relacionamento no trabalho até assistir ao futebol com o namorado, mesmo querendo ver aquele filme velho e de título esquisito que você se recusa a ver comigo.
A verdade é que muitas das coisas que faço não quero de fato fazer - como a maioria das pessoas, acredito eu - mas eu cedo, porque sei que talvez em um mundo perfeito eu não precisaria abdicar de uma agradável noite ao seu lado para trabalhar, em um mundo ideal eu não teria saudade da comidinha da mamãe, nem do seu colo quentinho quando ninguém mais me entende, não teria que deixar os amigos de lado por falta de tempo (de ambas as partes).
O fato é que o mundo não é perfeito, e eu sinto falta de tudo isso, mas sou como aquele moletom gostoso de vestir -
aquele velho do qual todo mundo morre de vergonha mas guarda com todo o carinho num cantinho do guarda-roupa - com o tempo ele vai "cedendo" e vai se modelando ao seu corpo, por isso fica tão gostoso de usar, porque ele se adapta a você. Mas essa seda que você insiste em ser não cede e se cede um pouquinho... RASGA.



Então lá vou eu ceder de novo e de novo, entender que essa não é minha vez, esperar mais um pouquinho pra que entendam que não só eu devo ceder. Enquanto isso não acontece, lá vou eu com um tantinho mais de paciência, porque no final sempre vale a pena. Então... lá vou eu, assistir de novo ao futebol...