domingo, 22 de maio de 2011

Essa é a minha última oração

Essa é minha oração, a última... pois tenho que escrever meus versos mais tristes. Até poderia adiar um pouco mais, mas nesse caso não sei se adianta procrastinar, até poderia, mas me convém?
Meu grito de liberdade está preso na garganta e preciso dele para seguir, mas ele deve ser meu e só meu.
Como já disse, filosofar agora não me trará respostas, me contento em ouvir conselhos de quem sabe o que diz.
Neruda explica poeticamente como é sofrer por amor, e sinto a dor explícita em seus versos, tão nítida:

Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.

O ponto final, o grito de liberdade, o fim. Quando é que isso fica claro pra gente? Não estou com pressa de descobrir, sei que ainda haverão muitas noites com angústias como esta. Mas e daí? Quem foi que disse que eu não posso?


Gretchen: ... e se você pudesse voltar no tempo, e pegar todas essas horas de dor e escuridão e trocá-las por algo melhor?


Se eu fosse Donnie Darko diria que não o faria. A dor e o sofrimento são fundamentais para a formação do nosso caráter, distingue quem somos. A forma como lidamos com esses sentimentos dizem muito sobre nós.
Repito, é claro, terão, com certeza, mais dias assim. Porém, eles serão todos sobre mim. Sobre a minha dor e não sobre a causa delas.
Independente do que ou de quem me traz essas sensações, basta somente a mim lidar com elas e assim farei.
Sei que peco muito em não ter mais fé na vida. Mas é como minha caixinha de remédios. Só lembro de recorrer à ela na hora da dor. Acho que nossas crenças espirituais são um pouco assim e acabamos nos lembrando delas apenas quando entramos em crise. Só lembramos que respiramos quando o ar nos falta...
Soa meio falso pedir por ajuda agora, mas não custa tentar. Sempre há tempo para coisas boas...
Perguntaram-me se acredito em Deus. Qual Deus? Hoje em dia Deus tomou tantas formas que fica até difícil reconhecê-lo.
Acredito que Deus está em mim e em você. Está em nossas conquistas e dificuldades, em cada atitude sincera. No sorriso pela manhã e na forma como nos reconhecemos todos os dias. Sabe quando você - depois de um dia cheio - chega em casa e se olha no espelho e sorri com a satisfação de "dever cumprido"? Acho que isso é Deus, esse pedacinho do meu coração que continua quente por mais frio que esteja lá fora...


Não, não trocaria meus dias ruins. Por nada desse mundo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário