segunda-feira, 30 de maio de 2011

Eu quero cem anos assim...


Chegou ontem pela manhã...

Voltando do mercado para casa, por volta do meio dia. Encosto o carro perto do meio fio e abro o portão, subo com o carro na garagem. Enquanto o portão eletrônico fecha, ouço uma buzina.
Desligo o carro, puxo o freio de mão, tiro o sinto, power no som de jazz que toca no meu rádio e desço do carro com a marmita na mão, uma coca-cola e a ração do gato. Olho rapidamente pra ver de onde veio a buzina e estranho em ver que é um carro amarelo, olho bem e vejo "Correios" em letras garrafais na lateral da kombi.
Largo tudo no chão, ao lado da porta aberta do carro e corro ver o que é. Chego perto do senhor que está com a prancheta na mão e me estendendo a caneta.
_ Você é? - pergunta ele.
_ Michelle, pois não? - digo com um sorriso imenso nos lábios.
_ Entrega pra você - (adoro quando não me chamam de senhora - risos).
_ Assino aqui?
_ Isso. Que bom que você estava chegando bem na hora né?! - indaga ele rindo.
_ Siiiim! - digo impaciente para saber o que há dentro do pacote.
_ Muito obrigado e tenha um bom final de semana - diz ele.
_ Bom final de semana pra você também e eu que agradeço.
Ele sorri, entra na kombi e segue seu caminho...
Eu por enquanto entro em casa e por um minuto quase esqueço a comida láááá fora ao lado do carro com a porta aberta (lembra?). Volto para buscar a minha comida e a do Sheldon, ainda com o pacote na mão. O que, claro, dificultou levar todas as coisas e mais o embrulho pra dentro de casa, mas tudo bem. Parecia criança com um brinquedo novo, que não larga nem na hora de tomar banho.
Coloco tudo em cima da mesa, pra organizar, inclusive meus pensamentos. Ok, olho primeiro a etiqueta que tem meu nome e endereço, enquanto procuro algo para abrir o pacote, pego a chave do carro e faço um furinho no canto, rasgo o pacote, porque dizem que traz sorte e tiro de lá de dentro dois folhetos de propagandas, uma amostra grátis do novo desodorante da Dove e um livro. Lindo, vermelho, perfeito e endereçado a mim por uma pessoa mais que querida.
A textura da capa e das folhas, o tom das cores, a fonte das letras. Simplesmente acho fantástico e fico admirada com a condição que as pessoas encontram para fazer arte. As coisas são engraçadas quando se trata de arte, Aldous Huxley sabia descrever isso muito antes que eu, e dizia que a arte também tem sua moralidade e que muitas dessas regras são iguais ou análogas às da ética comum. Que os defeitos, os erros fazem parte de toda e qualquer obra de arte, eles devem ser identificados, reconhecidos e, se possível, evitados no futuro. Concordo, mas acho que julgar a obra de arte de outros é sempre mais fácil do que julgarmos a nossa própria. Eu por exemplo, não vejo qualquer erro que você possa ver nesse gesto tão perfeito em minha memória...
Isso é obra de arte e creio ser inevitável não falar de nomes quando o agradecimento é sincero e justo. Vitor, adorei. Sei que a essa altura você já sabe disso, mas adorei demais.
Acho que nem sempre nossa fé é renovada, mas em momentos distintos a gente percebe que tem um "porque". Guardei esse momento tão nítido na minha memória, da mesma forma com que guardo meus livros, milimetricamente arrumadinhos na estante. E esse foi colocado com o maior carinho. Como já disse a você Vi, vai cortar a fila e ser o próximo a ser lido, mas por hora ele já ganhou meu nome e minha marquinha no canto da primeira página. Com certeza foi muito especial o primeiro presente de aniversário desse ano, que chegou antes e bem na hora.
Mal posso esperar pra ler sobre as borboletas amarelas...

Um comentário:

  1. Oi Mi...

    Deixa eu comentar algo contigo.

    Como é gostoso perceber o envolvimento entre o que tu escreve e sente.
    É possível sentir a tua alegria, a sensibilidade, o carinho que sempre te acompanham.
    Tal como as borboletas amarelas acompanham um personagem do livro...

    Lembrei de uma frase do Gabo...que faz td o sentido aqui:

    "Não importa a vida que você viveu, mas importa como você lembra"

    Bjs
    .D

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