sábado, 8 de maio de 2010

Entre os tubos de rugai

Acredito que muitas pessoas das quais lêem o Cria-Atura não me conhecem bem. Na verdade não sei ao certo se existe alguém que me conheça...
E nem sei se, ao menos, alguém aqui sabe, que sou formada, ou mesmo que trabalho em laboratório. Sabe... Laboratório é um lugar estranho. Muitas coisas a fazer e no entanto muito tempo pra pensar. E foi em uma tarde assim que comecei a me questionar. Tanto esforço pra quê?
Voltando ao meu trabalho... Grande parte dele envolve microbiologia, e por isso tenho contato constante com os mais diversos tipos de bactérias. Ao ponto de achar bonita uma colônia só pelo fato dela ser verde, ou roxa, ou pela disposição do conjunto, enfim... Fico analisando o comportamento desses seres há muito tempo. Mas nessa tarde específica eu analisei o nosso... Sabe, não somos muito diferentes delas. Com as bactérias basta haver um meio adequado, temperatura necessária e um tempinho pra que elas cresçam... E é certo que elas crescem. Com a gente é a mesma coisa, se estivermos em um lugar propício para nos desenvolvermos é lógico de que faremos.

Fiquei pensando então onde é que elas crescem... Os meios para cultivar bactérias vem dentro de potes, são uns pozinhos nada cheirosos. Um dia fui ler o rótulo de um deles. Para a minha surpresa o que continha naquele potinho tão inocente era nada mais, nada menos do que um farelo feito de cérebro e coração de algum animal. Mais uma semelhança aí... Seres crescendo em cima de outros, aproveitando-se do resto da energia que sobrou. Alguma lembrança de sua vida lhe passou em sua mente agora??? Pois é, na minha também.

Andei pensando sabe... Estão moendo gente... Sim... Estão moendo a gente! E mesmo valendo tanto... Entrego o meu de mão beijada...

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