quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Quero muito do pouco

Último dia do ano, e agora? Não sou boa com retrospectivas. Mas tenho – como sempre – algo a dizer.

Às vezes me surpreendo com a simplicidade dos pequenos gestos. Acredito que não é fácil ser simples, ou agir com simplicidade e como disse certa vez, uma mulher que sabia das coisas “que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho”.
Concordo muito com isso, em determinados momentos ser simples é o que há de mais complicado, e ultimamente não tem sido fácil agir com a pureza da simplicidade, porém o mundo é cheio de compensações e tenho recebido muitos gestos simples que me fizeram muito bem.
Então vou usar esse último post do ano para agradecer à essas pessoas. Agradecer os telefonemas no meio do dia dizendo “oi, sinto sua falta”, as mensagens carinhosas antes de dormir, os telefonemas intermináveis com as amigas, os recados de saudades, as companhias maravilhosas, as risadas durante conversas sem sentido, aquela mão estendida na hora do susto, ao colo que sempre encontrei, às minhas amigas e amigos, à minha família, às pessoas que fizeram meu 2009 mais feliz e menos doloroso e a todos que como eu se encantam com a simplicidade das coisas. Que 2010 seja um ano muito mais simples.
Nos encontramos lá!



"O problema é que quero muitas coisas simples, então pareço exigente".
Fernanda Young

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Ela já aprendeu a lição



"A coisa difícil a fazer e a coisa certa a fazer, geralmente são a mesma coisa. Nada que tenha significado é fácil".
(O Sol de cada Manhã)




Há dois tipos de problemas. Os reais, coisas desagradáveis de se fazer, passar ou decidir, como por exemplo: contas a pagar, a louça suja na pia, uma cólica.
Esses problemas devem ser tratados sem reclamações, sem grandes estardalhaços; afinal de contas eles podem ser resolvidos.
O segundo tipo são aqueles que não têm solução: a morte de alguém querido, um amor que não deu certo, decepções da alma. Nesse caso já é bem mais complicado buscar algum tratamento.

Sofrimento faz parte da vida, não há como evitar, mas nem todo sofrimento precisa ser algo ruim. De fato, alguns arranhões e machucados são um preço pequeno a se pagar pelos momentos de felicidade.
Posso dizer que hoje coleciono algumas dezenas de feridas e se há alguma única verdade sobre elas é que as palavras de consolo nunca me foram úteis. De todas as pessoas que em situações difíceis tentaram me ajudar as que realmente mudaram alguma coisa foram aquelas que aceitaram e compreenderam a minha dor.
Porque é tão proibido sofrer? Os momentos ruins são tão importantes e necessários quanto às épocas felizes.
Depois de um tempo e de cair tantas vezes, você começa a se perguntar onde está o erro, onde foi que tudo se perdeu.
Eis que aí está o pior de todos os sofrimentos, aqueles que são provocados pela nossa própria loucura.
Lembrei-me de um filme, que assisti uma vez, sobre um homem e sua família desintegrada, fala basicamente sobre a dificuldade em se manter bons relacionamentos e as consequências de nossos atos, as escolhas que fazemos e como elas nos afetam. Em uma cena - que particularmente me chamou bastante atenção - acontece uma discussão por causa do molho tártaro, a esposa pede a Dave que saia para comprá-lo, mas no caminho Dave se distrai e volta para casa sem o molho.
No fundo sabemos que as separações não são causadas por um fato isolado, mesmo assim pequenos acontecimentos podem ser determinantes para uma decisão e podem pôr tudo a perder.

Às vezes me pego pensando, quando foi que me esqueci do molho tártaro...

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O gosto amargo


"O que obviamente não presta sempre me interessou muito. Gosto de um modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno vôo e cai sem graça no chão".

Clarice Lispector












Achei que podia fazer isso, mas não posso! Enquanto você pergunta, porquê? Eu pergunto porque não?
Há muitas verdades, certos e errados que nos separam e isso nunca vai mudar.
Tudo aconteceu tão rápido que no fim me senti como a vítima de um atropelamento. Essa certamente não é a melhor sensação do mundo, mas ainda assim prefiro sentir isso do que não sentir nada.
Se agora ainda me restar um pedido ao menos, será que você poderia encostar a porta ao sair?

sábado, 26 de dezembro de 2009

Everybody

E toda aquela revolta se foi!

Num instante, no escuro do quarto, com a chuva lá fora, num segundo tudo se esvai. Toda a tristeza que por muito tempo cultivei se foi. Num gesto, poucas palavras, numa canção. Nada importava mais do que aquele momento, do que as poucas notas em acorde, do que a melodia cantarolada entre risos.
Em alguns minutos, talvez meio sem notar, elas mudaram tudo.




Dizer que estou agradecida não é o suficiente. Pois poucos são os momentos que me sinto confortável, mas ao lado de pessoas assim consigo ver que tudo tem um significado muito maior.
As piadas mal contadas, os sustos compartilhados, as risadas constantes me fazem muito feliz.
Só sei que se isso foi uma tentativa de me animar, deu certo! Muito certo.


Obrigada meninas, por devolverem o azul do meu céu.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Você pode tirar a bagunça do quartinho, mas não dá pra tirar o quartinho da bagunça

Quando criança, tínhamos um quartinho cuja função era primordialmente esconder a bagunça de toda a casa, tudo o que não tinha serventia, ou queríamos esconder, ia pro quartinho. As tralhas de praia, malas de viagens, a coleção de gibis, aquele aparelho de som antigo e quebrado, que nunca foi para o conserto, mas que até então também não havia ido para o lixo, e todas as mais variadas quinquilharias que tornavam o quartinho o que ele era. O quartinho da bagunça.
E era justamente assim que o chamávamos: quartinho, com o passar do tempo fomos resumindo e por final só o "quartim" era pronunciado. Todo mundo tem um lugar onde entulha todas as coisas velhas, bagunças e afins.
Eu preferia quando esse lugar era o quartinho...
Durante anos o quartinho acumulou toda a desordem da casa, brinquedos quebrados, roupas que não serviam mais. Tudo era armazenado no quartinho.
De tempos em tempos o quartinho era arrumado, sempre por um voluntário diferente. Percebendo que ali era o único lugar em que ninguém queria estar – pois além do pouco espaço devido à bagunça, ainda era insuportavelmente quente, pois não havia janelas, apenas uma única porta – comecei a passar parte do meu tempo ali. Arrumando, brincando, ou só fugindo mesmo.
Certas tardes depois de encaixotar tudo e tirar toda a poeira deitava no chão, exausta, e olhando pra cima, quase podia ver o calor que a lâmpada emitia e de repente aquela luz começava a me cegar e logo as paredes começavam a se aproximar num momento de alucinação, parte pelo meu cansaço, parte por deixar ali, junto com as caixas, pensamentos perturbadores.
Passei a reservar ali como meu refúgio, sempre que ficava triste ia chorar lá, nunca entrei no quartinho para comemorar uma boa notícia. Não que ele só presenciasse momentos melancólicos, passei muitas tardes rindo e brincando. Na maioria das vezes sozinha. Cheguei várias vezes a apagar a luz ao sinal de alguém se aproximando, justamente para continuar a brincar sozinha, sem que ninguém me pudesse impedir.
Com o passar dos anos, meus pais resolveram fazer uma reforma geral na casa. A princípio gostei da idéia, fiquei animada, adorei escolher as cores para as paredes. Mal sabia eu o que estava reservado para o quartinho...
Hoje ele não existe mais, como ele possuía uma parede em comum com o quarto dos meus pais, ele virou um armário! Não entendi como tudo aquilo poderia ser apagado. Hoje ele é um closet super pequenininho, não sei se ele ainda carrega todas as antigas lembranças.
De todas as mudanças pelas quais a minha casa passou, com certeza essa foi a que mais me causou estranheza. Mas... Apesar das mudanças ele continua o mesmo quartinho. Não demorou muito tempo para a bagunça se alastrar nele de novo. E quando vou até lá buscar alguma coisa, ainda sinto as paredes se aproximarem, mas agora muito lentamente.
Cheguei à conclusão de que o mal não era guardar essas coisas antigas, porque afinal de contas todos têm um espaço onde juntam essas coisas - que na verdade nem são mais nossas – mas o grande problema é quando chega o dia da mudança. E esse dia chega para todo mundo. E chegou pra mim outra vez.
Novamente, da mesma forma que passava minhas tardes arrumando aquele quartinho, agora tento arrumar um lugar um pouco mais complicado de esvaziar. Extrair pensamentos, limpar as idéias, entender que as coisas têm que mudar, e que as mudanças acontecem com ou sem permissão, não é tão fácil como era limpar aquele cubículo. E agora não há como derrubar paredes e tentar construir algo novo em cima, esperando que todas as lembranças desapareçam. Primeiro é preciso limpar, retirar todo o lixo, encaixotar o que vai ser reaproveitado e por fim colocar cada coisa em seu lugar. O desafio é fazer isso sem sujar as mãos.


O mais difícil nessas ocasiões é deixar as coisas velhas para trás, elas tem significado só pra você e se desprender do passado é um tanto quanto complicado, mas para onde estou indo terão coisas novas, por isso, tenho que deixar as velharias para trás, para caber tudo. É triste, mas não posso levar o aparelho de som velho na mudança, ele vai ter que ficar...

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A vida em estado natural


Por muito tempo acreditei que a vida era assim em seu estado natural: Solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta!
Desacreditei no amor, na amizade, desacreditei no ser humano, convenhamos que não existe ser mais egoísta, mesquinho e por fim dispensável que o ser humano.


Todos são especiais para alguém, mas somos qualquer um pra muita gente!

Como ir além da aparência? Como viver em um mundo onde só existem concursos de beleza? E a vida é assim, um concurso de beleza após o outro... Passamos anos nos preparando para o dia que finalmente algo incrível mude nossas vidas. Mas e se essa coisa extraordinária não existir? E se a felicidade for só encontrar em pleno domingo o filme recém lançado que você tanto queria ver, na prateleira da locadora ou ligar o rádio e ouvir subitamente aquela música antiga e maravilhosa que te traz tantas lembranças, e se a felicidade não passar disso? Talvez seja o suficiente pra mim, será que é pra você?
E depois de tanto pensar finalmente vi o quão hipócrita estou sendo, se não sou diferente de tudo isso que odeio, porque me revolto tanto? Só perguntas me vêm à cabeça, muitas perguntas, mas nenhuma resposta.


Hoje em meu trabalho entrou na sala uma cigarra - Na mesma hora lembrei da fábula da Formiga e da Cigarra e pensei que talvez fosse melhor estar ali, dentro de uma sala climatizada, ganhando cada dia um tostão do que me arriscar... Foi só por um momento – voltando à cigarra, ela entrou voando e fazendo aquele barulho insuportável - sinalizando que estamos no verão e não tem como ficar mais quente – enfim, ela entrou e se chocou contra o vidro da janela, caiu, levantou e novamente bateu na janela, repetiu isso até que não conseguiu se levantar mais, ficou ali por uns vinte minutos, no começo o bater de asas era contínuo, depois o ruído foi ficando intermitente, até que o silêncio tomou a sala. E eu fiquei ali, olhando a cena acontecer.

Porque faço tantas coisas como a cigarra? Porque arriscar entrar em uma sala sem saída?


... sabendo que mesmo que por mais fácil que seja ninguém vai abrir a janela...

Sobre o tempo

Porque é tão difícil escrever o primeiro post?
Tenho muitas idéias, mas parece que não cabem aqui, nenhum assunto parece digno de primeira postagem. Tudo parece fora do seu lugar.
Então, vou fazer o que todo mundo faz quando o assunto é escasso ou não convém.


Falarei sobre o tempo!


Não sobre aquele tempo, sobre esse tempo! Esse tempo agora. Esse tempo que não passa! Ou será que sou eu que insiste em vivê-lo?
O tempo é algo estranho, em determinadas situações ele pode ser seu aliado, tapando feridas, trazendo evolução. Mas em outras é o pior inimigo, te envelhecendo, deixando cheia de manias e cicatrizes; fazendo com que ele seja seu único e fiel companheiro.
Todos dizem que o tempo cura tudo, a gente sempre duvida, e no final das contas a verdade sobre o tempo prevalece. Nada permanece estático, e não há como viver uma experiência e sair ileso dela. Talvez o mal seja correr atrás do tempo, por isso farei um teste. Vou parar de pensar tanto, de me incomodar com esses pensamentos, de me fazer enlouquecer. Decidi! Vou tirar o lixo!
Não sei ao certo o que o tempo aguarda, espero que os ventos tragam coisas boas, por enquanto ficarei contente se ele trouxer inspiração...
O mais importante de tudo é que acima das nuvens o tempo é sempre bom!