"A coisa difícil a fazer e a coisa certa a fazer, geralmente são a mesma coisa. Nada que tenha significado é fácil".
(O Sol de cada Manhã)
Há dois tipos de problemas. Os reais, coisas desagradáveis de se fazer, passar ou decidir, como por exemplo: contas a pagar, a louça suja na pia, uma cólica.
Esses problemas devem ser tratados sem reclamações, sem grandes estardalhaços; afinal de contas eles podem ser resolvidos.
O segundo tipo são aqueles que não têm solução: a morte de alguém querido, um amor que não deu certo, decepções da alma. Nesse caso já é bem mais complicado buscar algum tratamento.
Sofrimento faz parte da vida, não há como evitar, mas nem todo sofrimento precisa ser algo ruim. De fato, alguns arranhões e machucados são um preço pequeno a se pagar pelos momentos de felicidade.
Posso dizer que hoje coleciono algumas dezenas de feridas e se há alguma única verdade sobre elas é que as palavras de consolo nunca me foram úteis. De todas as pessoas que em situações difíceis tentaram me ajudar as que realmente mudaram alguma coisa foram aquelas que aceitaram e compreenderam a minha dor.
Porque é tão proibido sofrer? Os momentos ruins são tão importantes e necessários quanto às épocas felizes.
Depois de um tempo e de cair tantas vezes, você começa a se perguntar onde está o erro, onde foi que tudo se perdeu.
Eis que aí está o pior de todos os sofrimentos, aqueles que são provocados pela nossa própria loucura.
Lembrei-me de um filme, que assisti uma vez, sobre um homem e sua família desintegrada, fala basicamente sobre a dificuldade em se manter bons relacionamentos e as consequências de nossos atos, as escolhas que fazemos e como elas nos afetam. Em uma cena - que particularmente me chamou bastante atenção - acontece uma discussão por causa do molho tártaro, a esposa pede a Dave que saia para comprá-lo, mas no caminho Dave se distrai e volta para casa sem o molho.
No fundo sabemos que as separações não são causadas por um fato isolado, mesmo assim pequenos acontecimentos podem ser determinantes para uma decisão e podem pôr tudo a perder.
Às vezes me pego pensando, quando foi que me esqueci do molho tártaro...
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