quarta-feira, 7 de abril de 2010

O que o cinza tem de errado?

Fazia um dia tão bonito lá fora que acordei animada, com uma sensação de que tudo poderia ser feito, de que o mundo e aquele segundo pertenciam a mim.
O meu bonito é diferente do seu! Com certeza, porque esses dias cinzas, com tudo apagado são os que mais gosto. Enfim a cidade esfria e acordo pra viver mais um pouquinho.
Sabe aqueles cadernos de colorir que tínhamos dezenas quando crianças? Pois bem, assim são esses dias pra mim. Enquanto pessoas dizem que eles são vazios, eu digo que eles são dignos de preenchimento. Adoro colorir à minha maneira, fazer eles exatamente como eu quero, do meu jeito.
O que o cinza tem de errado então? Essa energia é tão boa, que se eu soubesse qual é minha força, sairia levitando por aí.



"Para além da curva da estrada
Talvez haja um poço, e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada.
Não sei nem pergunto.
Enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para o outro lado
E para aquilo que não vejo.
Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se se preocupem com o que há além da curva da estrada.
Essa é que é a estrada para eles.
Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.
Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma."
[Fernando Pessoa]

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